Entre o Céu e o Mar

“Um dia nublado é mais comum do que você pensa." 
(Vanessa Carlton)

Desculpe começar com a minha sinceridade, mas é involuntária a necessidade de dizer que eu sou forte por fora, não completamente. Ainda existe uma menininha que se perde sempre que volta pra casa, uma covarde que se esconde pra chorar quando o nó na garganta começa a se desfazer e subir para seus olhos, já que a boca insiste em permanecer fechada, existe uma garota comum com as mesmas manias de sempre, uma vontade incontrolável de parar o tempo quando diz “Mas já amanheceu!?... deixa passar mais dez minutinhos.”
Não sou um desastre natural tão grande quanto parece. Eu fico acordada até tarde e não sou amiga da balança, por vezes mergulho na preguiça e sempre deixo algumas coisas passarem, a maioria dessas coisas nunca voltam e eu vejo o quanto preciso delas, então novamente estou eu correndo igual uma louca tentando controlar o incêndio com um copo d’água. Eu nunca me acho bonita o suficiente, a maquiagem nunca consegue esconder as expressões dos meus sentimentos, a roupa nunca estará exatamente perfeita, desde que não seja All Star o sapato nunca será completamente confortável, eu sempre vejo horas e minutos iguais ou inversos, mas não me apego aos seus significados. Eu sou praticamente uma metamorfose ambulante tão estranha com minhas manias e tão igual quanto às manias alheias.
Um dia desses sentada na areia, olhando o fim de tarde de um dia imperfeito qualquer me lembrei de inúmeros poemas, crônicas e histórias sobre “Céu & Mar”, a partir desse instante com uma estranha curiosidade comecei a enumerar coisas, motivos, vontades e existências entre o céu e o mar. Não queria ser só mais uma escrita sobre “Céu & Mar”, mas eu precisava escrever sobre isso. 
Descobri que entre o céu e o mar existem desejos e esperanças, nem sempre alcançados, mas eternamente motivados por uma fé que faz fechar os olhos e ver anjos em meio a uma guerra. 
Existem homens e mulheres tecelãs, tecendo seus sonhos com fios de lágrimas. 
Existe uma grande questão que nunca se responde: Por que quando estamos sozinhos sofremos por não ter a quem amar e quando amamos o amor machuca e dói demais. 
Entre o céu e o mar existe tudo aquilo que você quer perto o suficiente pra você provar, mas você não pode tocar. 
Existem palavras, muitas perdidas ou jogadas fora. 
Existem pessoas que acreditam e desconfiam e tem milhares de coisas guardadas dizendo: Se ao menos eles soubessem! 
Existe a felicidade, a dor, a nostalgia, os culpados por noites em claro, os inocentes por ilusões devastadoras, o sorriso que esconde a lágrima. 
Os seus olhos, os seus braços, onde você nunca imagina que possa ser o desejo de alguém.
Existe uma garotinha que acordava no meio da noite chorando pelos mesmos malditos motivos, que chorou durante anos sozinha. Hoje ela está curada, mas suas cicatrizes sempre irão lembrá-la de tudo e ela prometeu jogar sempre do lado mais seguro pra não se machucar outra vez. 
Eu ainda sinto o vento frio que vem entre o céu e o mar, ele é pesado e leve ao mesmo tempo, traz consigo tantas histórias, tantas faces. 
Ele sussurrou pra mim que sabe de tudo e que apesar de não ler mentes está em todas as situações e consegue ler faces, um olhar nunca esconde nada. 
Esse mesmo vento me sussurrou algo que eu precisava muito saber. 
Dizendo assim: 
- Sabe toda essa saudade? 
Encare como eu, o vento, você não pode ver, mas pode sentir e dependendo do tempo pode trazer tanto a paz e o conforto quando a dor e a angústia.

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